terça-feira, 13 de março de 2012

CAP pede ao Governo linhas de crédito para fazer face aos prejuízos da seca

O presidente da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP) defendeu hoje em Torres Vedras a abertura de linhas de crédito a juros bonificados às quais os agricultores possam recorrer de imediato para fazer face aos prejuízos da seca.
“O problema resolve-se com a disponibilização de verbas. Tem de haver linhas de crédito com juros bonificados e outro tipo de mecanismos financeiros para os agricultores lá irem buscar dinheiro amanhã e não em Outubro”, afirmou João Machado.

Para o dirigente, a antecipação dos pagamentos de fundos comunitários do final do ano para Outubro, pedida a Bruxelas pelo Governo, “não resolve o problema”.

O presidente da CAP adiantou que “as culturas de Outono/Inverno”, nomeadamente 200 mil hectares de cereais de sequeiro, e a produção de citrinos “estão destruídas”.

Outro dos problemas é a alimentação dos animais, uma vez que, explicou, “nesta altura os agricultores costumam estar a alimentar os animais nos prados e já estão a gastar os stocks de rações que tinham para o Verão”.

Para João Machado, “não existem reservas de água para regar na Primavera e no Verão e, se não chover, sectores como a fruticultura, a horticultura, a vinha e os pomares estão em causa”.

Outra das consequências é o eventual aumento dos produtos, nomeadamente do leite, com o aumento dos custos de produção que, alertou, poderá agravar as dificuldades financeiras dos produtores e “levar à falência”.

O dirigente relembrou que o problema da falta de cobertura de calamidades nos seguros agrícolas se mantém, dois anos após uma comissão ter concluído uma proposta de alteração do sistema de seguros. Esta solução seria, segundo a CAP, a resolução para situações de calamidade numa altura em que falta dinheiro ao Governo para ajudar os agricultores.

Essa comissão “produziu um relatório e com esse relatório pode-se rever o sistema de seguros, mas o Governo limitou-se a fazer uma revisão minimalista que deixou de fora a seca e outras calamidades”, explicou.

João Machado afirmou que “não se trata de falta de vontade política”, mas sim um problema financeiro.

“Calculamos que a dívida do Estado às seguradoras seja na ordem dos 80 milhões de euros, logo criar um novo sistema de seguros custaria 80 milhões de euros e o Estado não tem esse dinheiro”, explicou.

O presidente da CAP falava aos jornalistas à margem de uma sessão de apresentação da nova Polícia Agrícola Comum para 2014 a cerca de uma centena de agricultores da zona de Torres Vedras.

Filipa Carvalho - 13839

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